sábado, 20 de novembro de 2010

Carma

Duas frases:

"Ria e o mundo rirá com você, chore e você chorará sozinho"

"Ao fim do espatáculo, o palhaço chora sozinho"

E esse é o preço que se paga por ser uma pessoa considerada "forte".

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

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Ela estava magnífica naquele vestido preto, à porta do prédio. Já haviam se passado 30 minutos desde que seu noivo havia lhe dito que "tava chegando", e ela desde então ali esperava. Eles iriam a um baile para comemorar seus 6 anos juntos. Começavam a cair os primeiros pingos da chuva que havia sido prometida pela garota do tempo.
"Só me faltava essa", pensou ela. A porta do edifício se abriu. Era a sua mãe, com certo espanto
estampado na cara.
-O Lauro sofreu um acidente.
-O quê?
-É isso mesmo minha filha -consolou-a a mãe -Eu sei que é difícil, era pra ser uma noite de comemoração pra voc...
-E quem disse que não é?
E num ato de certa insanidade, como se nada houvesse acontecido, ela se encaminhou para o meio da rua, onde começou a dançar, ao som de Kiss Me. O som vinha de sua própria cabeça, porém era como se todos ali em volta pudessem ouvir também. Ela ria. Gargalhava. A sensação da chuva a afagar-lha a face lhe agradava.
-Vem mãe! Vem comemorar a chuva.
A mãe não estava entendo nada daquilo que a filha estava fazendo. Você provavelmente também não está. E, pra ser sincero, muito menos eu.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Pour tout la vie.

Ela estava ali por não saber lugar melhor para estar. Depois de 27 anos de tristeza e vida difícil, ela finalmente tinha um motivo para comemorar. Depois que havia perdido a mãe e depois de ter descoberto que o sumiço de seu pai se baseava na causa de ele ter morrido havia 3 meses, ela dedicou sua vida ao estudo, ao seu sucesso profissional. Com a ajuda de um ex-namorado, que ainda a reservava uma paixão indesejada, ela juntou algum dinheiro e partiu com a cara e a coragem para aquele país de sonhos. Lá ela conseguiu um emprego numa grife e naquele dia soube que seria promovida ao escalão de estilistas. Esse era o motivo para comemoração.
Ele estava ali por sempre ter sido uma pessoa solitária. Aquele tipo de rapaz que sempre foi introspectivo e, por isso, misterioso. Ele a olhava.
Não era pra menos. Aquela jovem brasileira fazia qualquer gringo sonhar com sua companhia. Morena, olhos de jabuticaba, sorriso bonito, corpo sedutor, cabelos ondulados. Ela percebia quando olhos se fixavam nela e mostrava certa indiferença. Mas não daquela vez, aqueles olhos a devoravam de forma que ela não conseguia disfarçar sua percepção e se deixava dar não tão discretas olhadelas ao rapaz, que também não deixava de ser atraente.
Ele era do tipo de rapaz que se imagina daqui a vinte anos com uma toalha enrolada no quadril, um martini na mão e uma loura na cama. Ar intelectual e beleza mediana. Nunca naqueles 2 meses que ela se encontrava naquele país, alguém havia atraido de tal forma.
Ele se levantou. Foi em direção a ela sem ao menos disfarçar chegou ao seu ouvido e sussurrou:
-Je te regarde, et j'ai conclu que vous êtes l'une des plus belles choses que j'ai jamais vu.
Ela sentiu um arrepio lhe subir pela coluna e com um risinho no rosto respondeu que já havia percebido. E em seguida, ele disse:
-Que puis-je faire pour continuer à vous regarder?
-Jusqu'à quand?
-Pour tout la vie.
Ali começava um romance digno de melodrama de Shakespeare.
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PS: Para melhor compreensão do diálogo: http://translate.google.com.br/#frpt