quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Eu havia feito um texto todo legalzinho pro Natal, mas eu acabei o perdendo, e só fui achar hoje... Talvez eu poste depois, afinal, o Natal não deveria ser uma época, deveria ser um estado de espírito, concorda?

Feliz Natal mais que atrasado.

Abraço

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Uma história de amor.

Ali, ao som das ondas espancando as pedras, ele chorava. Gritava. Não, não havia som. Se houvesse ele nunca saberia. Sua cabeça doía demais para prestar atenção em qualquer coisa que não fosse sua própria dor.
Um relâmpago de lembranças veio a sua mente, e agora, como se pudesse voltar no tempo, ele se encontrava num bar, onde tinha visto aquela morena de sorriso bonito e tinha lhe falado algumas frases em um francês romântico e sussurrado. Agora, como se uma ventania o levasse pra outro tempo e espaço, ele se encontrava numa cama, ela sobe ele. Prazer. Pele com pele. Suor com suor. Ele a sentia em seu íntimo. Um último gemido em uníssono. Ela olha pra ele com um olhar apaixonado e o propõe o eterno.
O casamento. Ele nunca havia visto tão belo ser em toda a sua existência. Ela vinha com olhos marejados e aquele mesmo sorriso que ele havia se apaixonado no rosto. "Eu me apaixono a cada vez que a olho", pensou ele, mas não externou seu pensamento, ele deveria o ter feito. A ventania o levou de novo.
Ele estava na sala. Aquela espera era infinita. A parteira veio, "O senhor pode ir vê-los". Ele entrou no quarto, ela repousava na cama, cochilando. A criança estava no moisés na cabeceira da cama. Ele foi até ela e deu-lhe um beijo na testa, sentiu o gosto salgado do suor, e riu pela situação. "Não olha pra mim, to me sentindo uma vaca suja e gorda". Ele tornou a rir da frase espirituosa. Olhou para o pequeno embrulho repousado no moisés. "Ele e o joelhinho mais lindo do mundo", disse. "Joelho é o cacete".
De volta à pirambeira à beira do mar, ele sentiu suas costas doendo. Começava a chover. Nem o sol tinha força de espírito para se mostrar em tão fúnebre dia. Ele olhou a pedra ao lado, contemplando seus nomes nela escritos, um sinal de eternidade. "Até que a morte nos separe"...
Buscou uma razão, uma razão para o que tinha acontecido. Não encontrou. A única coisa que conseguia pensar com nitidez era o que alegrava. Ele pensava na imagem de um garotinho moreno, com os mesmos olhos de jabuticaba da mãe. Aquele era o presente que havia deixado.
Aqueles pezinhos gordos, aquele "upa" apertado, aquele sorrisinho desdentado. Aquela sim era uma razão para viver.
Ele olhou para o céu, enxugou suas lágrimas, levantou e se encaminhou para o carro. Mudança de planos. Num impulso ele se virou para o abismo, pegou impulso e se jogou. "Je peux voler".

sábado, 20 de novembro de 2010

Carma

Duas frases:

"Ria e o mundo rirá com você, chore e você chorará sozinho"

"Ao fim do espatáculo, o palhaço chora sozinho"

E esse é o preço que se paga por ser uma pessoa considerada "forte".

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

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Ela estava magnífica naquele vestido preto, à porta do prédio. Já haviam se passado 30 minutos desde que seu noivo havia lhe dito que "tava chegando", e ela desde então ali esperava. Eles iriam a um baile para comemorar seus 6 anos juntos. Começavam a cair os primeiros pingos da chuva que havia sido prometida pela garota do tempo.
"Só me faltava essa", pensou ela. A porta do edifício se abriu. Era a sua mãe, com certo espanto
estampado na cara.
-O Lauro sofreu um acidente.
-O quê?
-É isso mesmo minha filha -consolou-a a mãe -Eu sei que é difícil, era pra ser uma noite de comemoração pra voc...
-E quem disse que não é?
E num ato de certa insanidade, como se nada houvesse acontecido, ela se encaminhou para o meio da rua, onde começou a dançar, ao som de Kiss Me. O som vinha de sua própria cabeça, porém era como se todos ali em volta pudessem ouvir também. Ela ria. Gargalhava. A sensação da chuva a afagar-lha a face lhe agradava.
-Vem mãe! Vem comemorar a chuva.
A mãe não estava entendo nada daquilo que a filha estava fazendo. Você provavelmente também não está. E, pra ser sincero, muito menos eu.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Pour tout la vie.

Ela estava ali por não saber lugar melhor para estar. Depois de 27 anos de tristeza e vida difícil, ela finalmente tinha um motivo para comemorar. Depois que havia perdido a mãe e depois de ter descoberto que o sumiço de seu pai se baseava na causa de ele ter morrido havia 3 meses, ela dedicou sua vida ao estudo, ao seu sucesso profissional. Com a ajuda de um ex-namorado, que ainda a reservava uma paixão indesejada, ela juntou algum dinheiro e partiu com a cara e a coragem para aquele país de sonhos. Lá ela conseguiu um emprego numa grife e naquele dia soube que seria promovida ao escalão de estilistas. Esse era o motivo para comemoração.
Ele estava ali por sempre ter sido uma pessoa solitária. Aquele tipo de rapaz que sempre foi introspectivo e, por isso, misterioso. Ele a olhava.
Não era pra menos. Aquela jovem brasileira fazia qualquer gringo sonhar com sua companhia. Morena, olhos de jabuticaba, sorriso bonito, corpo sedutor, cabelos ondulados. Ela percebia quando olhos se fixavam nela e mostrava certa indiferença. Mas não daquela vez, aqueles olhos a devoravam de forma que ela não conseguia disfarçar sua percepção e se deixava dar não tão discretas olhadelas ao rapaz, que também não deixava de ser atraente.
Ele era do tipo de rapaz que se imagina daqui a vinte anos com uma toalha enrolada no quadril, um martini na mão e uma loura na cama. Ar intelectual e beleza mediana. Nunca naqueles 2 meses que ela se encontrava naquele país, alguém havia atraido de tal forma.
Ele se levantou. Foi em direção a ela sem ao menos disfarçar chegou ao seu ouvido e sussurrou:
-Je te regarde, et j'ai conclu que vous êtes l'une des plus belles choses que j'ai jamais vu.
Ela sentiu um arrepio lhe subir pela coluna e com um risinho no rosto respondeu que já havia percebido. E em seguida, ele disse:
-Que puis-je faire pour continuer à vous regarder?
-Jusqu'à quand?
-Pour tout la vie.
Ali começava um romance digno de melodrama de Shakespeare.
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PS: Para melhor compreensão do diálogo: http://translate.google.com.br/#frpt

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Sábia menina

E foi num de seus momentos de lucidez que D. Lúcia disse à sua neta:

-Sabe, menina, eu não sei mais quem é meu filho, eu não sei mais como eu sou, eu não faço mais nada sozinha... Pra que que serve a vida então, se nós nos esquecemos de tudo no final?

A neta, sabida pra sua idade vira pra sua avó com um sorrizo estampado na cara e toda a simplicidade do mundo e responde:

-A vida é feita pra viver vovó, e acima de tudo, pra ser feliz.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

World ain't so bad at all (Parte 3 - Maybe it is)

Em algum lugar, talvez muito perto, talvez muito longe de mim ou de você, leitor, existe uma garotinha. Ela tem 9 anos. Ela sempre foi uma boa aluna, as professoras sempre gostaram muito delas. Certo dia, em momento de descontração, ela conversava com a professora depois da aula:
-Tia, eu faço coisa de gente grande.
-O que minha filha, você beija na boca?
-Não, tia, eu to falando de coisa de gente grande!
-O quê que você já faz?!- pergunta a professora já apavorada.
-Ah, a senhora sabe...
Um choro de pavor veio à garganta da professora.
-Mas você faz isso com quem?
-Ah, com meu irmão mais velho.
-Meu Deus! - a professora leva as mãos à boca - S-s-só com ele?
-É, mas às vezes, o meu primo Braian me pede, aí eu fico de quatro e el...
-Chega. - a professora estava nauseada - Seus pais sabem disso?!
-Só mamãe. Se papai ficar sabendo, ele briga.
A professora saiu da sala aterrorizada. Foi até a secretaria e de lá ligou para o Conselho Tutelar.
Uma semana depois, a psicóloga do conselho estava no mesmo lugar da professora, conversando com a menina.
-Você sabe que seus pais não têm te feito bem, não sabe, minha linda?
-Eu sei, a mamãe de vez em quando me bate, eu de vez em quando tenho que fazer "aqueles negócio" com meu irmão sem eu querer...
-Nós vamos ter que tirar você de perto deles.
-Não! - assustou a menina.
-Por que não, meu amor? Eles tão te maltratando...
-Mas um dia eles vão parar!
-Não vão parar, minha linda. Eles não vão mudar.
-E se eles "mudar"?! - a menina já estava assustada.
-Você não pode ter mais esperanças quanto a isso, meu anjo. Não tem mais motivos pra ter esperança.
-Claro que tem! A tia me disse que a esperança é a última que morre...
-No seu caso, meu anjo, ela não morreu. Mataram ela.
-Se mataram, então por que que eu não posso desculpar eles?
A menina, perplexa começa a chorar.
-Eu ainda amo eles!
Ela realmente amava.
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PS.: Infelizmente, o diálogo entre a menina e a professora é baseado em fatos reais.

sábado, 18 de setembro de 2010

World ain't so bad at all (Parte 2)

Em algum lugar, talvez muito perto, talvez muito longe de mim ou de você, leitor, existe uma menininha. Ela tem 3 anos. Ela, há 4 meses, descobriu uma doença em seu corpo, leucemia. Ela tem chances de sobreviver. Elas são pequenas, mas elas existem, e essa menininha e seus pais agem com frieza a todos que falam que o pior pode acontecer.
-Podemos pensar de forma boa ou ruim. Escolhemos a melhor forma. - falava a mãe a todos que tocam no assunto.
-E se ela morrer?
-Ela não vai morrer.
-Pensando desse modo, você não se preparará pro pior, e se ele acontecer, você não vai estar preparada.
-Eu nunca conseguiria me preparar pra uma coisa dessas.
Continuando a história, a menininha agora olha para o balão que ela estava brincando. Ele escapou de suas mãos e agora estava à 5 metros do chão. Ela olha aquele cachorrinho rosa de ar subindo pelos ares. Uma outra criança de 3 anos choraria com o acontecido. Mas essa menina não. Ela não vê motivo para chorar. É só um balão.
-Nossa, que linda você! Nem chorou por causa do balão! Parece até gente grande... - diz a moça que trabalha na casa da menininha.
-Tem muita gente grande que chora por coisas bobas, e elas não vêem que, um monte de vezes não tem motivo pra chorar. Mamãe disse que eu estou dodói, e que eu amanhã eu posso nem acordar, mas ela disse que ao invés de chorar por isso, eu devia aproveitar o que a vida tem de bom. Ela disse que sempre tem motivo pra viver.
E realmente, sempre tem.


...

sábado, 11 de setembro de 2010

World ain't so bad at all (Parte 1)

Em algum lugar, talvez muito perto, talvez muito longe de mim ou de você, leitor, existe uma velhinha. Seria hipocrisia ou até mesmo mentira falar que ela está satisfeita com sua vida. Ela tem 73 anos. Há 3 meses ela não vê nenhum de seus filhos ou netos. Ela mora sozinha num apartamento. O apartamento, agora, está em chamas. O incêndio começou com um curto circuito no disjuntor principal. A velhinha está presa. Ela no momento de desespero caiu e acabou por esbarrar na geladeira que, por sua vez, acabou por cair em cima da senhora. A velhinha grita por socorro. Ela já não tem esperanças, ela já tem certeza de que morrerá ali, incinerada. Certeza de que vão esquecê-la assim como os filhos fizeram.
De repente, a velhinha vê uma pessoa. É aquela menina Manuela que morava no apartamento de cima, que todas as vezes que se encontrava com a velhinha no elevador ou coisa assim, lhe dava um sorriso, ou um bom dia, ou apenas algum sinal de educação e respeito.
A menina sua e tosse enquanto tenta tirar a geladeira de cima a senhora. A velhinha fala:
-Vá, minha filha! Você é muito jovem para...
-Ah, não acredito que a senhora tá pensando que nós vamos morrer! - e volta a fazer força para levantar a geladeira.
Ela consegue. A velhinha torceu a perna e anda com dificuldade, mas apesar de tudo, elas conseguem sair sãs.
-Muito obrigado, minha filha, você hoje me provou que ainda há gente boa nesse mundo!
-Sempre há, dona. - responde a menina com seu otimismo de toda jovem de sua idade.
Não é tanto otimismo assim.
...

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Promessa quebrada

A aula já havia começado quando a menininha de olhos de jabuticaba chegou de mão dada à sua mãe.
A mãe chamou a professora na porta falou meia dúzia de palavras, virou-se para a filha falando:

-Mamãe volta depois pra te buscar, tá, minha flor?

A menina respondeu com um sorrisinho amarelo a assistiu com o coraçãozinho apertado a mãe ir embora. Naquele dia, ela estava vestida com seu vestido preferido, cheio de flores e borboletas de todas as cores, "Hoje é um dia importante mamãe...", argumentava ela com a mãe, que, por fim, se deu por convencida a deixá-la usar aquele vestido.

-Venha, meu anjo. -chamou a professora-Turma, essa é a Júlia, a nova coleguinha de vocês. Digam 'oi' pra ela.
-OII!- disseram as crianças em uníssono
-Vai sentar na sua cadeira, lindinha.

A garotinha sentou-se na última cadeira da penúltima fila. Abriu seu caderno de bichinhos e pôs-se a desenhar. Ela era muito talentosa pra uma criança de 5 anos, seus desenhos não s resumiam a apenas rabiscos. Ela tentou desenhar o menininho que estava sentado ao lado. Mas logo desistiu.

-Ai, eu não consigo!-resmungou ela.

Olhou de novo para o menininho ao seu lado. Algo nele a intrigava. "Por que será que ele ta tão sozinho?" perguntava a si mesma.

-Ei, menino!

Nada.

-Eei eu to falando com você...

Nada.

-Você aí!-ela começava a elevar a voz...

A menina que estava à sua frente falou:

-Deixa ele. Ele não fala com ninguém... A tia até falou que ele é doente...
-Eu não acredito nisso.

Ela se levantou, puxou a carteira até o lado dele.

-Eu não saio daqui até você me dizer o seu nome.

Depois de meia hora, ele finalmente abriu a boca.

-Meu nome é Daniel.
-Que nome legal!-animou-se ela- Por que você é tão quieto?
-Eu tenho medo das pessoas...
-Mas você não precisa ter medo, pelo menos não de mim!

Ele lhe soltou um risinho abafado.

-Você é tão bonito...

Nesse momento o sinal tocou.

-Vem Daniel, eu to doida pra brincar naquele parquinho

E saiu puxando o menino por toda a escola até o parquinho. Lá, eles comeram o lanche que trouxeram de casa, brincaram de casinha, carrosel, todos os tipos de pique... Até que ao final da tarde, a menininha descalça e com os pés sujos de terra fez ao menininho certo pedido:

-Promete que vai ser meu amiguinho para sempre?
-Eu lá tenho outra escolha?!

E caíram numa daquelas gargalhadas gostosas de criança.

PS: Mal sabiam eles que, anos depois, aquele vestidinho de flores e borboletas, que a menina trajava, se tornaria um belo vestido branco, que aqueles pés sujos de terra se transformariam em sapatos engraxados e que eles estariam na frente um do outro dando aquela mesma gargalhada de criança e quebrando aquela promessa que haviam feito. Já que, seria pra sempre, mas não como amiguinhos.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Loucura. Ou melhor, felicidade.

Os passos bem marcados daquele rapaz traduziam seus sentimentos. Cantarolando "New York, New York". Jogando olhares maliciosos às mocinhas de 17, 18 que passavam. As piscadelas daquele rapaz as inflamavam os instintos mais primórdios, seu perfume as causava êxtase. Ele trajava um terno de linho preto com um chapéu côco e, por mais incrível que possa parecer, sentia-se o mais confortável possível. Nada poderia estragar ou incomodar naquele momento. Uma senhora esperava para atravessar a rua. Ele se dispôs a ajudá-la e ela lhe retribui com um enorme sorriso. Ele passava agora passava pelo parque. Passou por uma mendiga, tomou-a em seus braços e fez como se dançasse valsa com ela sem o mínimo ruído de melodia. Deixou-a para trás enquanto ela perdia o fôlego de tanto rir. Arrancou uma flor do arbusto e deu a uma guria de 12, 13 anos que estava num banco mais afastado aos prantos.

-Ele é louco, mamãe? - perguntou o garotinho que se sentava no banco ao lado, que agora observava o rapaz rodar em um poste à lá Fredie Astaire.

-Não, meu filho, ele está feliz, ora - disse a mãe em meio a um risinho.

-Por que será?
-Meu filho, a felicidade é uma coisa tão difícil de sentir, que quando sentimos ou vemos alguém sentindo, não devemos questionar o porquê dela. E sim admirar sua rara e bela existência.

sábado, 24 de julho de 2010

individualidade

-O que é maldade pra você, criança? O que uma jovem como você sabe sobre maldade?
-Pra mim, aquilo que a senhora fez foi maldade.
-(risos) Se você acha que aquilo foi maldade, então pegue a arma que está na gaveta da cômoda e meta uma bala em seus córnios, pois você não tem o mínimo preparo para viver. O mínimo! Você não tem noção do que te espera lá fora, da maldade e do perigo que a vida te implicará. Aquilo que eu fiz foi justiça. Justiça, garota!
-A justiça é maldosa.
-Porém necessária. E escute o que eu lhe digo, muito mais maldosa é a injustiça. E eu sei o que é sofrer por maldade, por injustiça. Eu sei.
Ela realmente sabia.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Meu herói

-O senhor tem certeza, pai?
-Infelizmente sim.
-Tá, eu to indo praí.

Encerrei a chamada, sentei no sofá antes que caísse duro no chão. Não que essa notícia fosse tão surpreendente assim, mas recebê-la era muito pior do que eu imaginava que seria. Eu sabia que ela logo viria, a saúde do vovô já não estava lá essas coisas há tempos, eu tinha a consciência de que esse momento logo chegaria, mas não havia me preparado, a gente nunca se prepara para o que é necessário, inevitável. Minha mulher entrou na sala, viu que eu estava chorando e veio me dar um abraço, eu adorava o fato dela nunca perguntar o que estava acontecendo, é como se ela lesse minha mente e soubesse exatamente o que eu passava, o que eu queria e o que eu precisava. Naquela hora, eu precisava de um abraço. Ela se sentou ao meu lado, atendeu à minha necessidade e falou:

-Você quer que eu vá com você?

Eu não iria fazer minha mulher grávida de sete meses sair de casa àquela hora sem que fosse realmente necessário. Então expliquei a ela que seria melhor ela descansar, pois o dia seguinte seria difícil e que eu iria precisar dela.
Me arrumei, dei um beijo nela, outro em sua barriga e, nesse momento, lágrimas vieram aos meus olhos, então olhei para a barriga da minha mulher e disse:

-Hoje, minha filha, um grande homem se foi, um homem que você não terá a sorte de conhecer, mas que ainda ouvirá muitas histórias à respeito.

Dito isso, tratei de sair de casa antes que começasse a de fato chorar.
Entrei no carro respirando fundo, me controlando. Meu avô sempre me disse que ele não queria choro quando ele morresse, ele admitia a própria hipocrisia ao dizer isso, mas ele achava que definitivamente o melhor era não chorar por tristeza, para ele, a tristeza é um sentimento ruim demais para merecer nossas lágrimas.

-Guarde suas lágrimas para nossa próxima crise de riso, está bem? - aconselhava ele.
Meu Deus, como doía o fato de que não haveria próxima crise de riso, não haveria mais almoços em família aos domingos, agora, o vovô só se faria presente em minhas lembranças e nas de todos da nossa família, todos que puderam estar próximos o bastante para ter a chance de admirar aquele homem, aquele herói.
Lembrei da minha infância, na qual religiosamente eu ia passar fins de semana no sítio com ele e a vovó, lembrei das tardes de sábado, de como ele sentava na grama cansado e mandava aquele "Puta que pariu, moleque, um dia você me mata com esses piques", lembrei das histórias engraçadas contadas na sala depois do jantar, de como ele me fazia rir zoando com a cara da vovó, como ele tinha crises e crises de riso da minha cara quando ele conseguia me dar um susto, como ele quando eu entrei na adolescência, me dava dinheiro para eu comprar playboys escondido do meu pai, de quando ele despencava lá do sítio só para me levar e me buscar nas festas, dos conselhos de como cortejar uma moça, do fusca que ele me deu no meu aniversário de 18 anos, de como ele chorou no meu casamento, de como ele vibrou com a notícia de que seria bisavô.
Chegando na casa da vovó, a primeira pessoa que vi foi minha tia, ela sempre foi uma mulher que me impressionou com sua força. Ela não chorava, e quando me viu, apenas veio me abraçar. Abraçou-me com todo o carinho materno que ela tinha por mim. E eu, recebi aquele carinho, aquela calma, aquela segurança, que só as nossas figuras maternas conseguem nos passar. Meu pai estava na cozinha com a minha avó. Mas eu não fui até lá ver eles, fui direto para o quarto, eu queria ver ele, estar com ele pela última vez.
Quando cheguei no quarto o choro me veio à garganta novamente. Me controlei mais uma vez, sentei-me na cama, ao lado do corpo, peguei em sua mão enrugada e gélida. E comecei a falar:

-Olha vovô, eu não sei se o senhor consegue me escutar, mas eu vou fingir que sim e falar tudo que preciso. Talvez e nunca tenha dito ao senhor que o senhor era um grande homem, um sábio, um herói. Talvez eu nem tenha dito ao senhor que eu te amo muito, que o senhor é o meu ídolo, e que, respondendo de novo à uma pergunta que o senhor me fez, quando eu crescer eu quero ser como o senhor, grande. E saiba que eu nunca deixarei de amar o senhor, nunca esquecerei o senhor, sempre lembrarei do que o senhor me ensinou, me disse, me proporcionou e de todos os momentos maravilhosos que passamos juntos, queria pedir desculpa por não atender ao seu pedido de segurar meu choro, e dizer que nós temos muito orgulho do senhor, até a sua bisnetinha que nem teve a sorte de te conhecer. Te amarei sempre, meu velho.

Beijei sua testa e fiquei durante tempo indeterminado admirando aquele homem, aquele herói.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Idílios de uma volta pra casa

Eu ando pela rua. Ela está deserta. O tempo está frio. O MP3 toca Fix You, Coldplay. Eu penso. Eu quero escrever, acabo de perceber que essa vontade só bate à minha porta quando estou para baixo. Eu estou para baixo. Eu me pergunto por que eu me sinto assim. Eu não tenho a mínima ideia.
Uma avalanche de sentimentos me invade agora. Sentimentos que me incomodam, que me chateiam e, às vezes, até me atormentam. Dentre eles, há um que se destaca: eu sinto medo. Medo de perder tudo, medo de perder meus amigos, medo do mundo, medo do homem.
Uma avalanche ainda maior de pensamentos agora me toma, quase me tomba. Eu acho impressionante a rapidez de um pensamento e a capacidade do homem de pensar em várias coisas ao mesmo tempo. Eu penso nas mil evidências quase catalogadas de que eu te esqueci. Eu penso em todas as merdas que eu fiz. Eu penso que preciso rezar. Pra me acalmar, pra me aliviar, pra me perdoar, pra pedir. Eu penso no quê tenho que fazer amanhã. Agora eu, distraido, quase fui atropelado. O motorista está me xingando, mas eu não ligo. Eu nem sequer escuto. Tudo o que faço agora é esfregar as mãos, numa tentativa sem êxito de me esquentar, e chego à conclusão de que estou com fome, enquanto Chris Martin canta os últimos versos da canção.

"Lights will guide you home,
and ignite your bones,
and I will try to fix you."
PS1: este texto foi escrito na segunda-feira
PS2: não, eu não sou autista
PS3: não, me suicidar não está entre meus planos, rs.

domingo, 23 de maio de 2010

Um sonho, a fuga

O quarto estava escuro e úmido. Ela já se encontrava nele havia algum tempo. Ela procurava por uma saída. Uma saída de emergência. Ela queria fugir daquele monstro, aquele incêndio que se recusava a apagar, aquela dor de cabeça, aquela tormenta que a habitava. Aquela dor de cabeça, aquela dor que ela sentia, aquela dor que vinha de suas lágrimas, ela mesma já não tinha noção de por quanto tempo seguido ela tinha chorado, ela já não tinha noção de quanto tempo já estava presa naquele quarto, ela já não tinha mais noção. Agora, ela só pensava em uma saída. Ela só queria uma saída. Uma saída de emergência.
Ela procurava uma saída. Uma saída dos problemas. Uma saída do sofrimento. Uma saída dos tormentos. Ela procurava uma caneta, uma caderneta, um lápis, um pedaço de carvão. Ela queria escrever. Talvez essa fosse a saída. Ela queria uma inspiração. Ela tinha uma (?). Mas ela já estava cansada daquela inspiração. Aquela inspiração que já a tinha feito sorrir, que já tinha a feito chorar, aquela inspiração da qual agora ela procurava uma saída. Ela queria uma saída daquela pessoa. Com aquela pessoa. Ela queria uma saída da filha de uma puta daquela paixão, daquele amor, que no final, talvez fosse uma saída...
Ela acordou. Acordou, enxugou aquelas lágrimas e pensou “Passou, foi só um sonho...”. Mas aquele não era um sonho qualquer, ele era um sonho real, um sonho que se repetia diariamente desde um tempo indefinido. Um sonho que ela já tinha visto muitas vezes, porém nunca havia percebido, afinal, ele estava maquiado pelo seu cotidiano, sua vida. Um sonho que voltaria todas as madrugadas. Um sonho que a faria chorar antes de adormecer, enquanto ela pensava numa saída.

domingo, 9 de maio de 2010

O feminino do amor


Eu não sei o que dizer a uma pessoa que não tem limites de importância, não sei o que dizer à pessoa que me pôs no mundo, que me gerou, que me criou, não sei o que dizer à pessoa que me mais me protege, não sei o que dizer à pessoa que, se pudesse, me livraria de todos o males, não sei o que dizer à pessoa que afagou meus prantos, me fez sentir protegido até mesmo de meus pesadelos, do que não era real. Não sei o que dizer à pessoa que cuida de mim como ninguém, que me diz coisas do tipo "conserta a postura", ou "ficar tanto tempo em frente do computador vai fazer mal à sua visão", não sei o que dizer à pessoa que se importa tanto comigo. Que me chama de meu branco, biú, coisa linda de mamãe... Não sei o que dizer à pessoa que me ama mais do que tudo, não sei o que dizer à pessoa que eu amo mais do que tudo.

O que eu deveria dizer ao meu anjo da guarda?


"Eu tenho tanto pra lhe falar

Mas com palavras não sei dizer

Como é grande o meu amor por você

E não ha nada pra comparar

Para poder lhe explicar

Como é grande o meu amor por você "


Roberto Carlos, trecho da música "Como é grande o meu amor por você"



Mãe, saiba que eu te desejo o maior felicidade desse mundo e que eu te amo incondicionalmente.


Parabéns a todas essas "anjas" que os protegem, nos amam, e cuidam de nós sem nem mesmo se importar consigo mesma, sem nem mesmo se importar com o próprio bem-estar, com sua própria felicidade, basta a nossa, a de seus filhos.


Mamãe(s), obrigado por existir.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Dois significados e um devaneio

Sabe aquelas cenas de desenho animado, em que o cavala empaca quando o personagem precisa que ele ande? E aí , o personagem tem a brilhante ideia de pendurar um tipo de vara no pescoço do cavalo, em que na outra extremidade encontra-se um punhado de capim, de modo que o capim fique à vista do cavalo e ele corra atrás daquele capim. O cavalo desempaca. E não só desempaca como ficaria uma vida inteira correndo atrás daquele capim. Aquele capim, para o cavalo, representa o que muitos seres humanos também passam a vida correndo atrás. O sucesso.

UM SIGNIFICADO
sucesso (s. m.) - 1. Aquilo que sucede; acontecimento; facto; caso; acidente; 2. Parto; 3. Gal. Êxito, bom resultado.

Essa semana esse pensamento me fez refletir muito. Pois nessa semana eu representei o papel do cavalo, e comecei a corrida atrás desse tal de sucesso, ao qual ninguém de fato conhece a definição. Aliás, a definição está aí, para quem quiser ver, ela só não é satisfatória, pois sucesso não um termo que se define assim, por palavras, e sim por um contexto de história e de sonhos de vida de um individuo.
Será que vale a pena correr tanto atrás de sucesso? Vamos voltar ao exemplo do cavalo. Ele irá continuar correndo, até quando ele puder, atrás do sucesso, enquanto ele estiver vivo, enquanto correr sangue por suas artérias e veias, ele não esquecerá daquele capim que um dia foi um sonho seu. Um dia, ele poderá até desistir dessa incessível luta, mas para sempre ele sonhará em saber como é saborear o sucesso. Mas é lógico que ele é um cavalo, e não tem racionalidade para perceber que aquele esforço todo talvez não valha a pena. Tudo isso, que seja lembrado, um por causa um mísero punhado de capim.
E nós, seres humanos, temos essa racionalidade? Acho que não, acho que somos como o cavalo, que nunca desistirá, ou se desistir, nunca esquecerá do sucesso, conseguindo, e realizando um sonho, ou desistindo, ganhando mais uma decepção, mais uma frustração. Ou talvez sejamos piores que o cavalo, pois o cavalo sabe o que o sucesso representa para ele, e nós não.

UM SIGNIFICADO QUE NÃO SE ENCONTRA NO DICIONÁRIO
sucesso (s. m.) - 1. Capim; 2. Um sonho de vida; 3. O que te faz desempacar.

Mas isso é só mais um aspecto que completa a irracionalidade humana. Isso é só mais uma reflexão que não vai levar a nada. Isso é só mais um devaneio desse meu mundo, ou melhor, desse meu autismo.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Desafio

Confesso, estou cansado. Cansado de tudo, da minha rotina, dos meus problemas, da minha simples vida. Cansado dessa mesmice que me segue como uma sombra, cansado de estar cansado.
Pode parecer meio clichê, e alguém vir me falar "aah, que idiotice, eu também quero isso", mas foda-se. A verdade é que a minha vontade é sumir. Às vezes eu entro na ilusão de que eu, um dia, vou pode pegar um ônibus, desce no lugar que me der na telha e sair andando sem rumo. Andar, andar, andar sem parar. Quando a noite chegar, eu apreciarei as estrelas, pensarei no amor que sinto por tudo e por todos, olharei para a Lua e sentirei a paz transmitida por ela. me deitarei no capim molhado pelo sereno e tentarei achar formas nas estrelas, sozinho. Veria o nascer do sol, rezaria, agradeceria à Deus por mais um dia em minha simples vida, levantaria, e continuaria andando, sem rumo. Quando me cansasse, sentaria sob uma árvore, desfrutaria da sombra e do vento a acariciar-me, comeria um de seus frutos, e continuaria andando até me cansar de andar, meus pés começarem a latejar, meu coração sentir falta daqueles que amo, ai sim, eu voltaria para casa, voltaria para a realidade, para a rotina, para a monotonia, para a realidade.
Sim, eu sei que eu conseguisse realizar esse desejo, eu conseguiria tocar a linha do impossível, talvez ultrapassá-la, porém, penso que sonhar não custa nada, ou se custar, o custo é saber que o próprio sonho não é a realidade. Acho que uma cura mais simples para essa minha insanidade, para esse meu cansaço, dentre outras coisas, seria uma dose dupla de novidades. Mas, infelizmente, isso também é sonho.
Chego à conclusão de que o problema não está na realidade, está em sonhar. Acho que tenho que sair desse platonismo, dessa fantasia, desse castelinho de cristal que me protege.
"Queria eu viver em um mundo platônico, a realidade, assusta"

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Todos os cães merecem o céu


'' Um cão não precisa de carros modernos,palacetes ou roupas de grife. Símbolos de de status não significam nada para ele. Um pedaço de madeira encontrado na praia serve. Um cão não julga os outros por sua cor, credo ou classe, mas por quem são por dentro. Um cão não se importa se você é rico ou pobre, educado ou analfabeto, inteligente ou burro. Se você lhe der seu coração, ele lhe dará o dele. É realmente muito simples, mas, mesmo assim, nós humanos, tão mais sábios e sofisticados, sempre tivemos problemas para descobrir o que realmente importa ou não.''


Trecho do livro Marley e Eu, pág. 292, Jhon Grogan reflete sobre cães logo após a morte de seu cão, Marley.


Dedico esse trecho à Liz, uma das minhas melhores amigas e companheiras, que se foi nesse sábado, e a todos os seres dessa espécie fantástica, a canina.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Juntos

Eles sentaram na varanda do sítio a ver o pôr-do-sol, ele passou o braço pelos ombros dela e com a outra mão, livre, pegou na mão dela. Ela recostou sua cabeça em seu peito, de modo que pudessem assistir àquele espetáculo juntos, como faziam todas as tardes.
Sua incríviel sintonia de casal sempre permitiu que pensassem juntos na mesma coisa sem que fosse falada uma só palavra. Hoje, eles lembravam como suas vidas foram magníficas, como construíram uma família estruturada e unida, como seus filhos eram bem-sucedidos, como seus netos eram maravilhosos...
Seus filhos, Regina, Cláudia e Marco, moravam na capital e tentaram, por inúmeras vezes, leva-los definitivamente para lá, onde eles teriam melhores condições de vida. Nunca obtiveram sucesso em nenhuma tentativa. O casal nunca sairia do lugar em que nasceram, do lugar em que passaram sua feliz infância, lugar que há 70 anos eles dois, na adolescência, se conheceram e iniciaram sua linda história de amor, lugar que criaram seus filhos, dando-os uma boa educação, apesar das dificuldades, lugar que eles queriam passar o resto de suas vidas, ou melhor de sua vida, já que eles não gostavam que falassem que cada um tinha uma vida, cada um era cada um, não, os dois eram um só.
Eles não achavam que precisavam de médicos, ou de melhor qualidade de vida, bastava um ter ao outro, bastava saber que seus filhos e netos estavam bem, bastava poder assistir ao pôr-do-sol todos os dias naquela mesma varanda.
Por precaução, seus filhos tratavam de cuidar deles, obrigavam-nos a tomar os remédios, a se alimentar bem, cuidar deles. Ele resmungava com a idéia de quererem mandar nele, ela em sua infinita calma e compreensão, aceitava a ajuda e as ordens dos filhos sem se queixar. Marco, o caçula, ligava todos os dias para saber como eles estavam, apesar de sua vida corrida de jornalista, tirava pelo menos 20 minutos de seu dia para ouvir as histórias do dia que a mãe lhe contava com empolgação. Ela sentia falta da convivência com os filhos. Regina ia ao sítio com os filhos quase todos os fins-de-semana para matar a saudade, ajudar a mãe no mercado e verificar se tudo estava bem por lá. Cláudia morava a muito no exterior, e não tinha condição de ir ao sítio mais de uma vez ao ano, evitava ligar todos os dias pois sabia da dificuldade dos pais com aparelhos celulares.
Quando o sol já ia sumindo no horizonte, ela se virou para ele, os olhos cheios d’água, e disse:
- Queria te agradecer.
- Por que?- perguntou ele com serenidade, porém um pouco de espanto.
- Por ter me trazido flores todos os dias, por me encantar todas as noites, por nunca deixar faltar nada a meus filhos e a mim. Por me fazer a mulher mais feliz do mundo. Por me fazer me sentir a mais bela de todas. Obrigado por me amar tanto assim.
- Você acabou me deixando sem palavras para os seus e os meus agradecimentos. Só digo que, nesses 70 anos junto a você, se eu tive algum problema, não foi por falta de felicidade e que eu te amo mais do que amei e amaria qualquer outra pessoa.
Eles olharam pela última vez o sol. Fecharam os olhos, e em sua incrível sintonia, folgaram ao mesmo tempo o aperto de mão. Agora, eles iriam para uma nova vida, onde continuariam sua história de amor, só que dessa vez, seria pra sempre.

sábado, 10 de abril de 2010

Pronome Possessivo

Você, minha raridade,
minha antiga novidade,
minha beldade,
minha saudade.

Você, meu pedaço de pecado,
meu código não decifrado,
meu segredo publicado,
meu lado indomado.

Você, minha flor mais bela,
minha paixão mais sincera,
meu amor, minha tormenta,
minha confusão.

Você, minha ternura
minha razão de loucura,
às vezes de amargura,
minha doçura.

E ah! Quem dera eu,
meu tesouro,
poder chamar-te de minha.
Pois assim eu teria,
minha overdose de felicidade.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Basta

Chega de ficar sentindo o que eu quero e não o que a realidade me impõe. Chega de sofrer. Chega de ser teimoso nos meus sentimenos. Chega de me negar a desistir, eu perdi mesmo...

domingo, 4 de abril de 2010

"Jesus is my savior, not my religion"
Um dia desses, vi essa frase e ela me fez pensar. Pensar no que é Deus, o que ele me representa para mim, se eu realmente acredito nele. Hoje me senti inspirado para escrever sobre isso, afinal, hoje é Domingo de Páscoa.
Deus existe? Pode ser que não, mas acho que sim. Não vejo como tudo ser tão perfeito, tão cheio de sentimentos e ter surgido de uma explosão, ou sei lá o que, que não tenha nenhuma intervenção divina. Tem que haver um ser superior que criou tudo isso. E ai, quando eu digo isso, sempre tem um que me pergunte onde está toda essa perfeição, onde está Deus. Pra mim Deus está ao seu lado, na relação da mãe para com seu filho, no riso de uma criança, no amor, numa árvore, na água... Deus está em você. Afinal, existe maior prova de perfeição do que você, ser humano?
Diante disso, não sei se eu conseguiria deixar de acreditar em Deus, afinal, minha vida, minha morte, meu tudo está baseado Nele, e para falar a verdade, acho impossível existir uma pessoa que não acredite totalmente em sua existência. Certa vez, conversava com um ateu sobre esse mesmo assunto e ele me disse que até ele, lá no fundo, acreditava de alguma forma. Que se ele, por exemplo, tentasse entender o surgimento de tudo, uma hora ele chegaria a Deus. Concluindo, tudo chega a Deus. E essa regra se estende à irracionalidade de um ateu ter que buscar explicações em Deus.
Bom, depois de todas essas opiniões postas para fora, eu me pergunto: Eu acredito em Deus? Sim, eu acredito, fervorosamente. Eu acredito sim que Ele existe, acredito sim que Ele fez acontecer toda a criação, eu acredito que Ele “escreve” o nosso destino, acredito que ele escolheu a mais pura das mulheres para ser mãe de seu filho, acredito em Cristo, acredito que Ele é ou foi, não sei, a forma humana de Deus, acredito que Ele morreu na cruz por nossos pecados, que num Domingo de Páscoa como hoje, há 1977 anos atrás ele ressuscitou, acredito que ele cuida de nós, que nos ajuda, creio Nele. E você, acredita?
Feliz Páscoa a todos!

segunda-feira, 29 de março de 2010

A lua




Hoje olhei para o céu, vi a lua, ela estava tão linda, tão radiante, espetacular. Lua, deusa dos enamorados, que enche de beleza os olhos de seus admiradores apaixonados. Lua, senhora sábia, astro existente desde antes do que se possa imaginar. Lua, que às vezes é insanamente tachada de sombria, lua que acoberta loucuras. Lua, que vem dar seu espetáculo todas as noites, apagam-se as luzes, nada pode a ofuscar, nada consegue. Lua, que fez o pobre Sol se apaixonar, ele a pode ver, porém nunca tocar.Lua, se um dia eu deixar de te admirar, minha vida perderá o sentido, pois não sentirei a presença desse sentimento do qual andam falando por ai, o amor.
À lua, dedico minha admiração.
A você, dedico a lua.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Curvada aos efeitos do tempo


Vi aquela árvore caida. Aquela árvore que tanto representou para mim, que me passava tanta fortaleza, sobriedade. Aquela árvore que sustentou minhas brincadeiras na infância, certas vezes, me sustetou, árvore que deu frutos, que teve uma vida plena, estava ali curvada aos efeitos do tempo.
O que é o tempo? Sei que não posso responder a essa pergunta em um simples texto, talvez eu nem consiga fazê-lo em toda a minha vida, talvez nínguém consiga. Porém venho aqui hoje com o propósito de "falar mal" do tempo, venho falar dessa mania dele de insistir em levar tudo que nos rodeia, sentimentos, pessoas, coisas, árvores que foram importantes para nós, essenciais.
São incondicionais os fatos de que todos nós iremos morrer, de que todos nós sofremos perdas frequentemente, e de que em nossa confusão do cotidiano, ás vezes, não percebemos essas perdas, e se elas são fortes o bastante para nos fazer sofrer, nos acostomamos a elas, nos acostumamos com a dor. Perdas são comuns. Ironia. O próprio elemento que traz nossa dor, leva-a, o tempo sempre faz isso.
Todas as vezes que paro e penso numa perda, entristeço-me. Não só pelo meu egoísmo de nunca querer perder, não querer sofrer, mas sim pelas próprias pessoas, coisas, árvores que se foram. Entristeço-me pensando no quanto elas representaram para todos, entristeço-me depois de tanta plenitude, tantas boas colheitas, tantas bonitas flores, elas têm que se render ao tempo, que leva-as deixando pra trás apenas a lembrança delas em cada felizardo que pôde presenciar um pouco que seja de sua magestade. Entristeço-me ao ver a árvore que pra mim representou tanto, curvada aos efeitos do tempo.
Porém não me entisteço ao pensar que um dia tambám me curvarei ao nosso velho companheiro, mas sobre isso, eu falo depois.

Lugar externo à minha mente

Às vezes me pego cansado do meu cotidiano, com a insatisfação que sinto por ele, e vejo, que tudo tem sido tão hilário, tão fantástico, que paro com a minha tolice de pensar que a minha vida pode ficar melhor do que está, e chego à conclusão de que não vale a pena nada mudar por pequenas coisas que me atormentam, nada precisa pelas minhas incoerências.
E é por isso, por toda essa magnificência dos meus dias, que crio esse lugar externo à minha mente, para daqui um tempo lembrar do quão feliz eu fui, relembrar um dia, um abraço, um riso, um choro. Crio esse lugar externo à minha mente para compartilhar minhas angústias, me refugiar delas. Crio esse lugar externo à minha mente, principalmente porque sei que um dia minhas sinapses ficarão mais lentas e que terei a propensão de perder todas essas memórias. Não posso esquecer de tudo isso.