domingo, 2 de janeiro de 2011

Christmas magic

Ele coçava os olhos verdes irritados pelo sono. Já era quase meia-noite, mas ele continuava ali, resistindo. Sua mulher havia lhe chamado pela terceira vez para ir pra cama ele respondera com um "já vou" distraído. Ele precisava continuar ali. Ele queria o ver mais uma vez.
A escuridão lhe parecia convidativa, era como se fechar ou não os olhos não fizesse diferença ao adormecer. O vento que uivava pela fresta da janela fazia cócegas em sua nuca. E as luzes da árvore eram as únicas coisas que se modificava na sala. Até o gato agora estava quieto, repousando em seu vigésimo quarto sono, recostado aos pés vestidos por meias verdes.
Ouve-se um tilintar de sininhos. Excitação. Os olhos verdes e velhos brilhavam como os de uma criança ao ver um chocolate. Vê se uma sombra enorme e gorda.
-É ele!- exclama o velhinho em sussurro.
Então entra na sala um velho com cabelos e barbas enormes e com textura de algodão, trajado em vestes vermelhA com um cinto preto na cintura, um gorro na cabeça e um saco enorme e abarrotado na mão direita.
-Depois de...
-74 anos, eu ainda acredito no senhor.
O Papai Noel enxuga seus olhos marejados pela emoção. Tirou o saco das costas, abriu-o e tirou uma boneca de pano, a qual ele recostou na base da árvore.
-Espero que a Liz, sua netinha, goste.
-Ela vai gostar, obrigado.
-E agora o seu presente.
-Só crianças ganham presentes, não?
-Só crianças ficam acordadas até uma hora dessas me esperando, Lucas.- respondeu o Noel- Não sei se vai gostar do presente, mas foi o melhor que consegui pensar.
Ele se adiantou, foi até o velhinho e lhe deu um abraço.
-Obrigado, meu amigo.
O velhinho sem reação, só conseguiu pensar e uma coisa para falar, ele sabia que não era propício à ocasião, porém perguntou:
-O senhor existe mesmo?
-Ho-ho-ho. Você não está me vendo, Lucas?!
-Estou, mas pode ser apenas um sonho.
-E se for, deixaria de ser real? Eu quero dizer, pra você?
-Não.
-Isso é o que importa. Isso é o que todos chamam de magia. Tenho muito trabalho a fazer. Feliz Natal.
Com um sorriso nos lábios, o bom velhinho se espremeu na lareira e começou a escalá-la.
No andar superior, Liz acordou a mãe com uma felicidade estampada no rosto.
-Mamãe, mamãe, é o Papai Noel!
A mãe nunca havia acreditado em seu pai quando ele dizia, depois de velho, que o bom velhinho existia. Porém, naquela noite em especial, ela podia jurar ter ouvido um tilintar de sinos e um distante "Ho-ho-ho, Feliz Natal!".


A magia existe, e ela contagia.