domingo, 23 de maio de 2010

Um sonho, a fuga

O quarto estava escuro e úmido. Ela já se encontrava nele havia algum tempo. Ela procurava por uma saída. Uma saída de emergência. Ela queria fugir daquele monstro, aquele incêndio que se recusava a apagar, aquela dor de cabeça, aquela tormenta que a habitava. Aquela dor de cabeça, aquela dor que ela sentia, aquela dor que vinha de suas lágrimas, ela mesma já não tinha noção de por quanto tempo seguido ela tinha chorado, ela já não tinha noção de quanto tempo já estava presa naquele quarto, ela já não tinha mais noção. Agora, ela só pensava em uma saída. Ela só queria uma saída. Uma saída de emergência.
Ela procurava uma saída. Uma saída dos problemas. Uma saída do sofrimento. Uma saída dos tormentos. Ela procurava uma caneta, uma caderneta, um lápis, um pedaço de carvão. Ela queria escrever. Talvez essa fosse a saída. Ela queria uma inspiração. Ela tinha uma (?). Mas ela já estava cansada daquela inspiração. Aquela inspiração que já a tinha feito sorrir, que já tinha a feito chorar, aquela inspiração da qual agora ela procurava uma saída. Ela queria uma saída daquela pessoa. Com aquela pessoa. Ela queria uma saída da filha de uma puta daquela paixão, daquele amor, que no final, talvez fosse uma saída...
Ela acordou. Acordou, enxugou aquelas lágrimas e pensou “Passou, foi só um sonho...”. Mas aquele não era um sonho qualquer, ele era um sonho real, um sonho que se repetia diariamente desde um tempo indefinido. Um sonho que ela já tinha visto muitas vezes, porém nunca havia percebido, afinal, ele estava maquiado pelo seu cotidiano, sua vida. Um sonho que voltaria todas as madrugadas. Um sonho que a faria chorar antes de adormecer, enquanto ela pensava numa saída.

2 comentários:

Aline Azevedo disse...

Nunca li de você algo qeu tivesse tanta alma, tanta emoção.

Manu disse...

As vezes fico pensando que a qualquer momento vc vai cometer suicídio.
rsrsrsrsrs
Bjs