terça-feira, 20 de abril de 2010

Desafio

Confesso, estou cansado. Cansado de tudo, da minha rotina, dos meus problemas, da minha simples vida. Cansado dessa mesmice que me segue como uma sombra, cansado de estar cansado.
Pode parecer meio clichê, e alguém vir me falar "aah, que idiotice, eu também quero isso", mas foda-se. A verdade é que a minha vontade é sumir. Às vezes eu entro na ilusão de que eu, um dia, vou pode pegar um ônibus, desce no lugar que me der na telha e sair andando sem rumo. Andar, andar, andar sem parar. Quando a noite chegar, eu apreciarei as estrelas, pensarei no amor que sinto por tudo e por todos, olharei para a Lua e sentirei a paz transmitida por ela. me deitarei no capim molhado pelo sereno e tentarei achar formas nas estrelas, sozinho. Veria o nascer do sol, rezaria, agradeceria à Deus por mais um dia em minha simples vida, levantaria, e continuaria andando, sem rumo. Quando me cansasse, sentaria sob uma árvore, desfrutaria da sombra e do vento a acariciar-me, comeria um de seus frutos, e continuaria andando até me cansar de andar, meus pés começarem a latejar, meu coração sentir falta daqueles que amo, ai sim, eu voltaria para casa, voltaria para a realidade, para a rotina, para a monotonia, para a realidade.
Sim, eu sei que eu conseguisse realizar esse desejo, eu conseguiria tocar a linha do impossível, talvez ultrapassá-la, porém, penso que sonhar não custa nada, ou se custar, o custo é saber que o próprio sonho não é a realidade. Acho que uma cura mais simples para essa minha insanidade, para esse meu cansaço, dentre outras coisas, seria uma dose dupla de novidades. Mas, infelizmente, isso também é sonho.
Chego à conclusão de que o problema não está na realidade, está em sonhar. Acho que tenho que sair desse platonismo, dessa fantasia, desse castelinho de cristal que me protege.
"Queria eu viver em um mundo platônico, a realidade, assusta"

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Todos os cães merecem o céu


'' Um cão não precisa de carros modernos,palacetes ou roupas de grife. Símbolos de de status não significam nada para ele. Um pedaço de madeira encontrado na praia serve. Um cão não julga os outros por sua cor, credo ou classe, mas por quem são por dentro. Um cão não se importa se você é rico ou pobre, educado ou analfabeto, inteligente ou burro. Se você lhe der seu coração, ele lhe dará o dele. É realmente muito simples, mas, mesmo assim, nós humanos, tão mais sábios e sofisticados, sempre tivemos problemas para descobrir o que realmente importa ou não.''


Trecho do livro Marley e Eu, pág. 292, Jhon Grogan reflete sobre cães logo após a morte de seu cão, Marley.


Dedico esse trecho à Liz, uma das minhas melhores amigas e companheiras, que se foi nesse sábado, e a todos os seres dessa espécie fantástica, a canina.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Juntos

Eles sentaram na varanda do sítio a ver o pôr-do-sol, ele passou o braço pelos ombros dela e com a outra mão, livre, pegou na mão dela. Ela recostou sua cabeça em seu peito, de modo que pudessem assistir àquele espetáculo juntos, como faziam todas as tardes.
Sua incríviel sintonia de casal sempre permitiu que pensassem juntos na mesma coisa sem que fosse falada uma só palavra. Hoje, eles lembravam como suas vidas foram magníficas, como construíram uma família estruturada e unida, como seus filhos eram bem-sucedidos, como seus netos eram maravilhosos...
Seus filhos, Regina, Cláudia e Marco, moravam na capital e tentaram, por inúmeras vezes, leva-los definitivamente para lá, onde eles teriam melhores condições de vida. Nunca obtiveram sucesso em nenhuma tentativa. O casal nunca sairia do lugar em que nasceram, do lugar em que passaram sua feliz infância, lugar que há 70 anos eles dois, na adolescência, se conheceram e iniciaram sua linda história de amor, lugar que criaram seus filhos, dando-os uma boa educação, apesar das dificuldades, lugar que eles queriam passar o resto de suas vidas, ou melhor de sua vida, já que eles não gostavam que falassem que cada um tinha uma vida, cada um era cada um, não, os dois eram um só.
Eles não achavam que precisavam de médicos, ou de melhor qualidade de vida, bastava um ter ao outro, bastava saber que seus filhos e netos estavam bem, bastava poder assistir ao pôr-do-sol todos os dias naquela mesma varanda.
Por precaução, seus filhos tratavam de cuidar deles, obrigavam-nos a tomar os remédios, a se alimentar bem, cuidar deles. Ele resmungava com a idéia de quererem mandar nele, ela em sua infinita calma e compreensão, aceitava a ajuda e as ordens dos filhos sem se queixar. Marco, o caçula, ligava todos os dias para saber como eles estavam, apesar de sua vida corrida de jornalista, tirava pelo menos 20 minutos de seu dia para ouvir as histórias do dia que a mãe lhe contava com empolgação. Ela sentia falta da convivência com os filhos. Regina ia ao sítio com os filhos quase todos os fins-de-semana para matar a saudade, ajudar a mãe no mercado e verificar se tudo estava bem por lá. Cláudia morava a muito no exterior, e não tinha condição de ir ao sítio mais de uma vez ao ano, evitava ligar todos os dias pois sabia da dificuldade dos pais com aparelhos celulares.
Quando o sol já ia sumindo no horizonte, ela se virou para ele, os olhos cheios d’água, e disse:
- Queria te agradecer.
- Por que?- perguntou ele com serenidade, porém um pouco de espanto.
- Por ter me trazido flores todos os dias, por me encantar todas as noites, por nunca deixar faltar nada a meus filhos e a mim. Por me fazer a mulher mais feliz do mundo. Por me fazer me sentir a mais bela de todas. Obrigado por me amar tanto assim.
- Você acabou me deixando sem palavras para os seus e os meus agradecimentos. Só digo que, nesses 70 anos junto a você, se eu tive algum problema, não foi por falta de felicidade e que eu te amo mais do que amei e amaria qualquer outra pessoa.
Eles olharam pela última vez o sol. Fecharam os olhos, e em sua incrível sintonia, folgaram ao mesmo tempo o aperto de mão. Agora, eles iriam para uma nova vida, onde continuariam sua história de amor, só que dessa vez, seria pra sempre.

sábado, 10 de abril de 2010

Pronome Possessivo

Você, minha raridade,
minha antiga novidade,
minha beldade,
minha saudade.

Você, meu pedaço de pecado,
meu código não decifrado,
meu segredo publicado,
meu lado indomado.

Você, minha flor mais bela,
minha paixão mais sincera,
meu amor, minha tormenta,
minha confusão.

Você, minha ternura
minha razão de loucura,
às vezes de amargura,
minha doçura.

E ah! Quem dera eu,
meu tesouro,
poder chamar-te de minha.
Pois assim eu teria,
minha overdose de felicidade.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Basta

Chega de ficar sentindo o que eu quero e não o que a realidade me impõe. Chega de sofrer. Chega de ser teimoso nos meus sentimenos. Chega de me negar a desistir, eu perdi mesmo...

domingo, 4 de abril de 2010

"Jesus is my savior, not my religion"
Um dia desses, vi essa frase e ela me fez pensar. Pensar no que é Deus, o que ele me representa para mim, se eu realmente acredito nele. Hoje me senti inspirado para escrever sobre isso, afinal, hoje é Domingo de Páscoa.
Deus existe? Pode ser que não, mas acho que sim. Não vejo como tudo ser tão perfeito, tão cheio de sentimentos e ter surgido de uma explosão, ou sei lá o que, que não tenha nenhuma intervenção divina. Tem que haver um ser superior que criou tudo isso. E ai, quando eu digo isso, sempre tem um que me pergunte onde está toda essa perfeição, onde está Deus. Pra mim Deus está ao seu lado, na relação da mãe para com seu filho, no riso de uma criança, no amor, numa árvore, na água... Deus está em você. Afinal, existe maior prova de perfeição do que você, ser humano?
Diante disso, não sei se eu conseguiria deixar de acreditar em Deus, afinal, minha vida, minha morte, meu tudo está baseado Nele, e para falar a verdade, acho impossível existir uma pessoa que não acredite totalmente em sua existência. Certa vez, conversava com um ateu sobre esse mesmo assunto e ele me disse que até ele, lá no fundo, acreditava de alguma forma. Que se ele, por exemplo, tentasse entender o surgimento de tudo, uma hora ele chegaria a Deus. Concluindo, tudo chega a Deus. E essa regra se estende à irracionalidade de um ateu ter que buscar explicações em Deus.
Bom, depois de todas essas opiniões postas para fora, eu me pergunto: Eu acredito em Deus? Sim, eu acredito, fervorosamente. Eu acredito sim que Ele existe, acredito sim que Ele fez acontecer toda a criação, eu acredito que Ele “escreve” o nosso destino, acredito que ele escolheu a mais pura das mulheres para ser mãe de seu filho, acredito em Cristo, acredito que Ele é ou foi, não sei, a forma humana de Deus, acredito que Ele morreu na cruz por nossos pecados, que num Domingo de Páscoa como hoje, há 1977 anos atrás ele ressuscitou, acredito que ele cuida de nós, que nos ajuda, creio Nele. E você, acredita?
Feliz Páscoa a todos!