quinta-feira, 7 de outubro de 2010

World ain't so bad at all (Parte 3 - Maybe it is)

Em algum lugar, talvez muito perto, talvez muito longe de mim ou de você, leitor, existe uma garotinha. Ela tem 9 anos. Ela sempre foi uma boa aluna, as professoras sempre gostaram muito delas. Certo dia, em momento de descontração, ela conversava com a professora depois da aula:
-Tia, eu faço coisa de gente grande.
-O que minha filha, você beija na boca?
-Não, tia, eu to falando de coisa de gente grande!
-O quê que você já faz?!- pergunta a professora já apavorada.
-Ah, a senhora sabe...
Um choro de pavor veio à garganta da professora.
-Mas você faz isso com quem?
-Ah, com meu irmão mais velho.
-Meu Deus! - a professora leva as mãos à boca - S-s-só com ele?
-É, mas às vezes, o meu primo Braian me pede, aí eu fico de quatro e el...
-Chega. - a professora estava nauseada - Seus pais sabem disso?!
-Só mamãe. Se papai ficar sabendo, ele briga.
A professora saiu da sala aterrorizada. Foi até a secretaria e de lá ligou para o Conselho Tutelar.
Uma semana depois, a psicóloga do conselho estava no mesmo lugar da professora, conversando com a menina.
-Você sabe que seus pais não têm te feito bem, não sabe, minha linda?
-Eu sei, a mamãe de vez em quando me bate, eu de vez em quando tenho que fazer "aqueles negócio" com meu irmão sem eu querer...
-Nós vamos ter que tirar você de perto deles.
-Não! - assustou a menina.
-Por que não, meu amor? Eles tão te maltratando...
-Mas um dia eles vão parar!
-Não vão parar, minha linda. Eles não vão mudar.
-E se eles "mudar"?! - a menina já estava assustada.
-Você não pode ter mais esperanças quanto a isso, meu anjo. Não tem mais motivos pra ter esperança.
-Claro que tem! A tia me disse que a esperança é a última que morre...
-No seu caso, meu anjo, ela não morreu. Mataram ela.
-Se mataram, então por que que eu não posso desculpar eles?
A menina, perplexa começa a chorar.
-Eu ainda amo eles!
Ela realmente amava.
.
PS.: Infelizmente, o diálogo entre a menina e a professora é baseado em fatos reais.

6 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, confesso que fiquei arrepiada. Mas o pior de tudo isso é que não é só ficção; essas coisas realmente acontecem.

Gostei do seu blog. Nos coloca para pensarsobre a vida. Estou te seguindo e volte sempre que quiser, será sempre bem-vindo!

lua b. disse...

Olá, gostei muito do blog e da sua maneira simples {e masculina} de falar de ammor. Parabéns.

;*

Fabi Penco disse...

OI Estranho, gostei daqui...
Por mais que a 'maturidade' tenha alcaçado nossas crianças, elas ainda são criaças. Triste, muito trsite como há pais assim... ;/

Beeeijos

Rafael Sperling disse...

Uau, muito bom... e bizarro.
Abraço

Larissa disse...

Infelizmente é isso que acontece. Mas confesso que fiquei esperando que isso fosse só uma brincadeira de criança.
Gosto da forma como expõe as "rotinas" do mundo. Obrigada por seguir meu blog :)

Um beijo.

. débora disse...

eu lembro de como fiquei aterrorizada quando você me contou ;~
tá bem escrito o texto, gostei(:

bjsbjs