terça-feira, 2 de novembro de 2010

Pour tout la vie.

Ela estava ali por não saber lugar melhor para estar. Depois de 27 anos de tristeza e vida difícil, ela finalmente tinha um motivo para comemorar. Depois que havia perdido a mãe e depois de ter descoberto que o sumiço de seu pai se baseava na causa de ele ter morrido havia 3 meses, ela dedicou sua vida ao estudo, ao seu sucesso profissional. Com a ajuda de um ex-namorado, que ainda a reservava uma paixão indesejada, ela juntou algum dinheiro e partiu com a cara e a coragem para aquele país de sonhos. Lá ela conseguiu um emprego numa grife e naquele dia soube que seria promovida ao escalão de estilistas. Esse era o motivo para comemoração.
Ele estava ali por sempre ter sido uma pessoa solitária. Aquele tipo de rapaz que sempre foi introspectivo e, por isso, misterioso. Ele a olhava.
Não era pra menos. Aquela jovem brasileira fazia qualquer gringo sonhar com sua companhia. Morena, olhos de jabuticaba, sorriso bonito, corpo sedutor, cabelos ondulados. Ela percebia quando olhos se fixavam nela e mostrava certa indiferença. Mas não daquela vez, aqueles olhos a devoravam de forma que ela não conseguia disfarçar sua percepção e se deixava dar não tão discretas olhadelas ao rapaz, que também não deixava de ser atraente.
Ele era do tipo de rapaz que se imagina daqui a vinte anos com uma toalha enrolada no quadril, um martini na mão e uma loura na cama. Ar intelectual e beleza mediana. Nunca naqueles 2 meses que ela se encontrava naquele país, alguém havia atraido de tal forma.
Ele se levantou. Foi em direção a ela sem ao menos disfarçar chegou ao seu ouvido e sussurrou:
-Je te regarde, et j'ai conclu que vous êtes l'une des plus belles choses que j'ai jamais vu.
Ela sentiu um arrepio lhe subir pela coluna e com um risinho no rosto respondeu que já havia percebido. E em seguida, ele disse:
-Que puis-je faire pour continuer à vous regarder?
-Jusqu'à quand?
-Pour tout la vie.
Ali começava um romance digno de melodrama de Shakespeare.
.
PS: Para melhor compreensão do diálogo: http://translate.google.com.br/#frpt

Um comentário:

. débora disse...

eu consigo imaginar essa situação, claramente... e caraca 'Ela percebia quando olhos se fixavam nela e mostrava certa indiferença' isso eu consigo até me ver fazendo, se é que me entende!
IOAEUIOAUEOIAUE
muito bom!

bjsbjs:*